terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Complexo de vira-lata

Desculpe, meu amigo, mas não sofro de complexo de vira-latas que acomete os brasileiros e já foi identificado por Nelson Rodrigues há muitas décadas. Viajei poucas vezes para o exterior, umas 5 ou 6 vezes e conheci países com coisas muito legais e outras nem tanto. Vejo o Globo Repórter mostrando a Dinamarca e acho fantástico aquilo tudo, mas, sinceramente, não sou acometido por esse, que depois do futebol, é o esporte nacional do Brasil: falar mal do Brasil e se sentir um merda.
O cara viaja para o país mais miserável da África ou de outro continente qualquer, assolado pela AIDS, fome, guerra civil, ditaduras, guerra de tribos... Aí entra em um banheiro onde tem uma caixinha de moedas para o servente e uns sabonetinhos de brinde e dispara: Porra, lá no Brasil se tivesse um negócio desse, geral pegava e enchia os bolsos de sabonetinho e ainda pegava a moeda do tiozinho da limpeza.
Aí eu penso... putz, onde essa cara mora??? Nos meios em que circulo, não é assim que a banda toca. Pode ter um imbecil ou outro que aja assim, mas o faz escondido porque sabe que é um comportamento reprovável. (aí vem alguém inteligentinho relativizador do universo que diz: não tome seu meio como referência... e blá, blá, blá..  E eu digo do fundo coração: Vai se ferrar)
Quando o governo toma uma medida impopular, muitos se levantam para mexer com os brios nacionais (como se tivéssemos isso) e nos comparam com os argentinos. Na Argentina, não.. lá as coisas não são assim. E esquecem que eles tiveram a ditadura mais sanguinária da América do Sul e não houve resistência que revertesse isso. Por aqui, havia muita guerrilha, luta armada e o escambau... mas não. (aí você diz: ah e os Montoneros? Dê um Google para saber do que falo. Não queira comparar com o que houve por aqui.) Guerreiros são os argentinos.. Nós somos a mosca do cocô do cavalo do bandido.
Agora foi a história da reforma previdenciária deles. Por aqui, postagens na internet diziam que eles gritavam pelas ruas que não são brasileiros (informação falaciosa. Não há registro disso). Mas isso é uma forma dos brasileiros de mexer com os brios tupiniquins e ver se as pessoas se movimentam por aqui. O que de fato deveria acontecer, mas não movidos por uma mentira.

Resumo da ópera: não foi um movimento popular (é legal ler na fonte deles jornais argentinos para entender isso. Sugiro ler toda a história no La Nacion e no Clarin), mas de centrais sindicais e movimentos estudantis e partidários de esquerda. Enfim, espernearam, espernearam e assim como o SONRISAL, chiaram e morreram afogados. A reforma  foi aprovada hoje de madrugada com maioria simples. 
Eles não gritaram o que os memes nos traziam no Brasil. Aquele meme foi coisa de brasileiro.  Eles não são Brasil mesmo... até porque, a nossa ainda não foi nem apreciada pelo congresso em 4 turnos de votação e 2/3 dos votos.

Não, me desculpem, mas eu não me sinto um vira-lata diante de país nenhum.

Ah sim... eu não sou a favor da reforma da previdência, antes de qualquer coisa. Só chamo a atenção para essa babaquice nacional de se achar sempre pior do que qualquer outro país do mundo.

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