segunda-feira, 29 de agosto de 2016

O Facebook é o melhor remédio

Durante anos, as pessoas passaram afundadas em crises de autoestima, achando-se uma porcaria, alguém sem atrativos, um ser desprovido de qualquer coisa que valha a pena ser notada. Isso, às vezes, até era verdade, afinal, se olharmos de perto, não somos as criaturas mais interessantes que conhecemos. Somos ícones encarnados do mais do mesmo sempre. Um ou outro na humanidade consegue destoar dessa terrível sina.
Tudo mudou com o advento das redes sociais. O Facebook trouxe a possibilidade de construir uma vida cheia de viagens, alegrias, conquistas.... o sonho em rede virtual de sermos uma espécie de personagem de cinema. Mas essa euforia passou quando todos viraram grandes protagonistas de filmes B e deixou de ser diferencial mergulhando-nos no banal e cotidiano. Constatamos frustrados que não iria haver Oscar para todo mundo.
Mark Zuckerberg que não é bobo nem nada bateu o pau na mesa e gritou: temos que reconquistar essa vitrine dos desejos da alma humana. E surgiram os testes de Facebook que sempre dão resultados para nos levantar. Já me disseram que sou a cara do Brad Pit, que se eu fosse uma personalidade seria Einstein, que minha bondade e caráter se igualam a da Madre Teresa de Calcutá, que pessoas do meu signo são milionários em potencial, que homens com o meu perfil são artistas geniais na cama e enlouquecem qualquer mulher, enfim, sou foda. Não sei como o mundo não me descobriu ainda...
Fico me perguntando se alguém já fez esses testes e deu que ele é um canalha, feio para caramba, burro, ruim de cama e que vai morrer pobre... Bom, se deu esse resultado, a pessoa não clicou no botão de compartilhar em sua timeline. Afinal de contas, ali é o Facebook, um terra de pessoas felizes, conscientes e bem sucedidas. Penso sempre como seria maravilhoso se pudéssemos trazer todos os habitantes de lá para o mundo real. 
Entretanto, o que eu mais gosto são aquelas pesquisas (sic) que transformam os defeitos em qualidades incomparáveis e invejáveis. “Você sabia que pessoas que dormem mais de 14 horas por dia são extremamente inteligentes?” Pesquisas comprovam que pessoas que não tomam banho são mais criativas ou ainda “Estudos demonstram que pessoas que se embriagam e dão vexame são pessoas mais confiáveis...”  
Sei não, para mim, o autor dessas pesquisas e estudos (sic de novo) é um cara preguiçoso, porco e pinguço que encontrou no Facebook o caminho para redimir a humanidade de todo vício transformando em virtude. Grande saída, grande saída...



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