quinta-feira, 17 de março de 2016

O artista, o ativista e a baita confusão

As pessoas teimam em confundir as coisas. Sabe aquela história do ator que faz papel de vilão na novela e é hostilizado na rua por aquela tiazinha de idade que não sabe diferenciar o ator do personagem? Pois é... Todo mundo conhece a história de um ator que fez papel de mau e acabou ouvindo uns bons desaforos na rua, não é?
Pensei sobre isso tempos atrás quando vi Chico Buarque sendo hostilizado por alguns caras na saída de um bar no Rio. A pergunta que fica no ar é: pra quê? Ele vai mudar de opinião sendo xingado? O cara que xingou vai receber uma comenda de a pessoa mais consciente do mundo? Alguma coisa vai mudar com esse ato de hostilidade? Não! Perda de tempo, ofensa desnecessária (se é que existe alguma ofensa necessária!?) a um dos maiores ícones da MPB que continua sendo um dos maiores ícones da MPB independente do que ande falando por aí.


Há muito tempo não concordo com a posição política dele, do Caetano, do Gilberto Gil e companhia, mas sou fã dos caras (e nada vai mudar isso), ouço, toco no violão, fico bobo com tudo que eles fizeram/fazem como artistas. Nunca influenciaram minha opinião em absolutamente nada. Dizer que artista é formador de opinião é um exagero. Artista é artista e o que contemplamos é sua obra. Não conheço ninguém que tenha falado: Nossa, ele compôs uma música tão bonita que vou votar em quem ele indicar. O artista é louvável e tem grande peso na nossa percepção estética, só. O opinador que ele é  tem o mesmo peso de qualquer opinador, o cara da fila do mercado, o motorista de táxi ou mesmo eu e você.

Os haters (os odiadores de plantão) alegam que os artistas defendem posições políticas porque recebem algum benefício dos defendidos. E daí? Sempre foi assim. Parece as pessoas que nunca ouviram falar em mecenato. Você não ataca quem o financia. Claro que não. Não se cospe no prato que se come. Se com todo mundo é assim, porque com o artista tem que ser diferente. Atacam o Gregório Duvivier, o Marcelo Adnet e companhia porque dizem que eles defendem posições políticas pessoais, porque recebem dinheiro da Lei Rouanet. Cara, segue o mesmo raciocínio. Voltemos ao início do parágrafo.

Continuo sendo fã de Chico, Caetano, Gil, Adnet, Gregório e outros porque acho que são, independentemente das coisas que falam, muito bons no que fazem. Ponto final.  Artistas são pessoas normais e que agem por seus interesses como eu, você e qualquer um.

Dessa forma, ou aceitamos racionalmente isso ou corremos o risco de acabar todos como as tiazinhas confusas à espera do próximo artista para odiá-lo.

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