Sabe o que significa a frase Carpe Diem, de Horácio? Acho que todo
mundo sabe. “Aproveite o dia”. Digo
que sou de uma geração que, tendo sido obrigada a assistir ao filme Sociedade
dos Poetas Mortos, aprendeu cedo. A ideia do poeta é aproveitar o dia. Mas
o conceito é bem vago, uma vez que aproveitar é algo relativo. Alguns podem
considerar aproveitar ao máximo, se entupir de alguma substância tóxica e ficar
loucaço, outros, comendo desesperadamente, dormindo o tempo todo e não fazer
nada. Mas isso não é aproveitar, isso é hedonismo destrutivo.
Aproveitar é, em sua essência,
tornar o tempo proveitoso no sentido de fazer valer a pena sendo construtivo.
Se o seu conceito de proveitoso prevê o excesso que conduz ao dano colateral
não é produtivo, pois vai lhe incapacitar de aproveitar por mais tempo. Por exemplo, alguém que opta por uma overdose
de cocaína irá aproveitar durante os instantes iniciais, mas o dano colateral
irá engessar sua capacidade de aproveitar posteriormente.
O segredo da coisa é aproveitar
de modo que lhe permita aproveitar o maior tempo possível e para isso é
necessário o equilíbrio.
Conclusão: Por isso é que como
bacon.
Bacon faz mal, é claro. Comida
faz mal, bebida faz mal... Em exagero tudo faz mal. Na verdade, até viver faz
mal, pois pesquisas comprovam que 100 % das pessoas que morreram é porque
viveram. Bem para saúde mesmo é só morrer. Afinal, não conheço nenhum defunto
que sofra de algum problema de saúde. A morte é a saúde suprema.
Optei dizer não ao excesso e sim
ao consumo moderado. Salvo, obviamente, mediante uma severa recomendação
médica. Optei por dizer não à obsessão pelo fitness, a academia obrigatória, à
ideia obcecada pelo corpo com tudo duro. Até porque tenho 44 anos e o conceito
de tudo duro é uma ideia com a qual devo ir me acostumando que é passageira.
Optei pelo não ao alimento diet, pois acho que a vida é muito curta para comer
coisas com gosto ruim. Uma vez me disseram que você acostuma. Pois é, não quero
me acostumar com o que não gosto só para atender padrões que não quero para mim.
Pessoas são feitas de afeto,
corpos são invólucros. De nada vale um corpo sarado, se carrega mãos incapazes
de acariciar e fazer um cafuné. Não é uma apologia à obesidade ou ao
sedentarismo, mas uma apologia ao ser feliz no conceito de aurea mediocritas (o equilíbrio de ouro) Não sei se dá para ser
feliz obcecado com suas medidas com o que se come, com o que se veste e com o
que se pensa da gente.
A verdade é que, nesse momento,
eu não sei se existe um câncer dentro de mim que eu vá descobrir em um exame de
rotina em algumas semanas ou meses e que dada sua agressividade me dará pouco
tempo de vida e sob um tratamento tão cruel quanto a doença. Não sei se acordei
hoje, tomei café, escovei o dente, sai para trabalhar essa foi a última vez que
fiz isso. Nem eu nem você, meu amigo, sabemos disso.
Então, vamos comer bacon com a
devida moderação e vamos nos dedicar ao sedentarismo ocasional... Tudo em nome
de nossa saúde mental.
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