terça-feira, 7 de julho de 2015

As veias sutis da estátua

As pessoas, atualmente, possuem uma maneira muito sórdida de alardear suas virtudes, ou pseudovirtudes. Outro dia, postei algo sobre como são sensatas e inteligentes aqueles que concordam com a gente para chamar a atenção das pessoas a essa vaidade idiota dos tempos modernos. Entretanto, dirigindo para o trabalho e digerindo as ideias, cheguei à conclusão de que, quando acentuamos as virtudes daqueles que concordam com a gente, estamos, na verdade, em um ato de narcisismo absoluto elogiando a nós mesmos.
É como se disséssemos: olha como ele é o espelho do que eu sou, se ele é sensato e virtuoso e ele me reflete, logo, eu sou sensato e virtuoso.

Vivemos um tempo em que as linhas de pensamento, cada uma a seu modo, invocam para si o monopólio da virtude, do bom, do belo, enfim, dos ideais de perfeição que nos fazem lembrar as estátuas renascentista cujos corpos nos permitiam vislumbrar até as veias mais sutis dos braços do personagem.

As estátuas modernas mostram sua veias. Entretanto, não são veias sutis, mas trincados cheio de imperfeições que com o tempo infiltram e dão um mofo escurecido que desvaloriza em muito a peça.

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