Uma das coisas de que mais gosto quando passeio em um shopping
é ver a quantidade de coisas de que eu não preciso para ser feliz. Passo pelas
lojas e contemplo um monte de coisas que eu poderia comprar, mas que não me
despertam o menor interesse. Imagino como dever ser ruim querer aquilo tudo e
não poder, mas pensem como é libertador poder e não querer.
Vejo camisas sociais que eu consigo comprar por 80 sendo
vendidas por 350. Pessoas comprando uma camisa polo que valeria uns 50 reais
por 250 só porque tem uma etiqueta que fará com que os outros pensem que elas têm
um dinheiro que não têm.
Equipamentos eletrônicos por duas vezes o preço que compro no
mercado livre. Enfim, um monte de coisa que que não quero porque já tenho ou
que não quero porque não me desperta o menor interesse. Shopping faz bem para
minha autoestima ao me mostrar que não preciso de praticamente nada dali para
ser feliz.
Mas o que mais me encanta são as lojas de coisas que eu fico
pensando como a nossa vida seria a mesma coisa se elas não existissem. E o
mais legal, dada a inutilidade daquilo ali, o preço. Sempre caro pra caramba.
Na categoria loja “pra-que-serve-isso-mesmo”, a Polishop é a que mais me
encanta. Fico vendo ao vivo como é a mesma coisa que na TV, caro e “pra-que-serve-isso-mesmo”.
Um aparelho que faz escova nos cabelos do dedão do pé com ondas de ultrassom, uma
coisa que massageia a batata da perna enquanto toca uma musiquinha, um treco
que faz batata sem óleo (e sem gosto também)...
Fico olhando a vitrine alguns minutos e pensando: caramba, o
que seria da minha vida com os cabelos do dedão crespos, com as batatas da
perna tensa e comendo batata feita na fritura?
Seria a mesma coisa.
Mas tem gente que jura que
depois que você compra sua vida nunca mais é a mesma.
Não sei. Tenho minhas dúvidas.
Um comentário:
Eu vou ao shopping unicamente para ir ao cinema ou comer um lanche na praça de alimentação. Raramente compro alguma roupa, calçado ou item por lá, pois acho tudo muito caro e desnecessário. Vez ou outra compro uma k-misa ou k-mi-z-ta, mas ainda assim, das bem baratas.
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