Não tem nada mais desconcertante do que alguém o abordar na rua do nada e perguntar: E aí, fulano? Quanto tempo? Se bem que tem coisa pior sim... é ele perguntar: E aí, está lembrado de mim?
Em alguns minutos nos sentimos o maior pulha do universo. Um canalha, um ingrato desmemoriado que não se lembra do nome de uma pessoa que efusivamente saiu de onde estava, caminhou até nós e com um sorriso nos lábios no saudou. É.. nos saudou, mas perguntou a única coisa que não poderia ter perguntado.
Não se pergunta isso aqui a ninguém.
Seguimos, então, naquele joguinho falso de ficar ali no papo meio vazio tentando buscar referências, sugestões.
Esperando que a pessoa do nada diga: - Aí o fulano falou para mim, Beltrana! Ah.. essa é a glória que nos redime de todos os pecados de encontrar indiscreto colega que se perdeu em nossa memória. Descobrimos o nome da Beltrana e a nossa próxima frase dirigida a ela começara com BELTRANA... Ah... agora sim. Abrem-se as portas do céu.
Esperando que a pessoa do nada diga: - Aí o fulano falou para mim, Beltrana! Ah.. essa é a glória que nos redime de todos os pecados de encontrar indiscreto colega que se perdeu em nossa memória. Descobrimos o nome da Beltrana e a nossa próxima frase dirigida a ela começara com BELTRANA... Ah... agora sim. Abrem-se as portas do céu.
O Facebook é meio constrangedor também (menos que o cara a cara do nosso cotidiano). Vira e mexe uma pessoa nos adiciona e a gente fica pensando de onde conhece aquela figura. Vai nos amigos em comum, olha os dados pessoais e nada. Busca nos gostos, escola que frequentou.. Bingo! Estudou no mesmo colégio que eu. Mas isso é uma referência de merda, afinal, milhares de pessoas estudaram lá. Olha a cara da figura e pensa “de onde eu conheço essa dona?”
Olha, olha, olha... e nada. De onde essa doninha me conhece?
A pergunta se parafraseia, mas é mais ou menos a mesma... Caraca, onde eu vi essa pessoa? A resposta não vem. Mas em um relance surge uma luz no fim do túnel: Putz... é a fulana colega do beltrano que formava com a gente quando éramos adolescentes. Ufa alivio! Aí, vemos o que faz, onde mora, se tem filhos, se está bem (se está na merda não dá para ver porque o Facebook é terra de gente feliz, próspera e socialmente engajada com causas nobre. Os filhos da puta, fracassados e egoístas do planeta não tem perfil no Facebook).
Um alívio e que já vem com nome da figura. Se encontrarmos na rua, podemos saudá-la com seu nome efusivamente.
Aí, o foda é se ela esquecer o seu. Só de maldade, ao perceber isso, pergunte: que isso, fulana, está lembrado de mim não?
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