Acabei de assistir a Tropa de Elite 2. Pois é.. não vou contar a história do filme e nem dizer que o mocinho morre no final, pois é um filme em que os limites do mocinho e do bandido se confundem. Demorei a assistir uma vez que com criança pequena em casa, pouco tempo resta para sentar em frente a uma TV e assistir a um filme com calma e atenção. Mas os meus pequenos concederam a mim e minha esposa a graça de fazermos tal proeza ontem à noite. Sou-lhes grato por isso.
O filme pode ser definido como um ícone da aporia que é uma palavra grega que expressa uma situação de impasse, sem saída, contradição que nos deixa sem rumo. Melhor do que o primeiro filme da série, gera um impasse pela maneira como mostra uma estrutura cancerígena da corrupção no poder e acentua a impunidade.
Ao contrário de filmes como aqueles em que o bem vence o mal e nos deixam com a vontade de que a vida real fosse assim, terminamos, após assistir ao filme Tropa de Elite 2, com a amarga sensação de que não merecíamos que a vida real fosse assim. O que fazer? Pois é.. É aí que entra a aporia. Bate uma sensação de “sem saída” e nem os “mocinhos” nos asseguram que estamos bem acompanhados.
Pois é... Aporia. Se não assistiu ao filme faça-o e entenda melhor o que eu tento dizer no curto espaço de uma postagem. O BOPE, as milícias, os políticos, o sistema que eu sustento com 4 meses anuais do meu trabalho me arremessaram, por via da “ficção(?)” na cama com o amargo gosto de aporia.
No final, um político discursa no conselho de “ética” da câmara em Brasília sob a acusação de envolvimento com o crime organizado e sentimos que aquela história de "a vida imita a arte" dói quando acontece no nosso quintal.
Acordei pela manhã, escovei os dentes, mas o gosto ainda persiste... Procuro um chiclete... Mas de nada adiantará. O gosto persistirá.
3 comentários:
O crime, as máfias etc, são o último reduto do capitalismo.
É aí que se vê o rei mais nu, até que ponto a exploração do trabalho humano chega quando se tira dele a tal aura da "sacralidade".
Exemplo: o grande industrial diz que gera empregos, o traficante também. O grande comerciante diz que faz girar o dinheiro na comunidade, o mafioso também.
Se as pessoas observassem melhor, não seria necessário esse tipo de filme de ficção para simplificar o raciocínio: é tudo por dinheiro/poder e dane-se quem atrapalhar!
acredito que vc já tenha assistido. no mesmo tom de aporia é o documentário sobre o sequestro do ônibus 174, também do padilha. porém, o gosto é muito mais amargo, pois não é ficção...
Difícil "sobreviver" à angustia trazida à tona por esta realidade, já que a ficção (o filme) nada mais é do que a realidade exposta em alta definição.
A sensação é a de que entramos em uma sala repleta de "serpentes e escorpiões" e que não há saida.
Mas, ainda tenho fé no poder dos votos. E enquanto tiver fôlego vou lutar por tal mudança. Abraços.
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