sábado, 30 de julho de 2011

Entendendo a lógica perversa do maluco da Noruega

Para início de conversa, ele não é maluco. Esse rótulo só interessa ao advogado dele. Entende-se por louco uma pessoa que rompe com a realidade e passa a agir em função de um universo pessoal que se bate com o real. Ou seja, para o louco, dinheiro pode ser rasgado, cocô pode ser comido sem problemas, pois não se trata de atitudes que violem as leis naturais do universo dele. O que rege o universo do real não lhe importa, pois ele o nega e mesmo o desconhece.
O problema é que o terrorista atirador da Noruega representa uma parcela do pensamento direitista da Europa que acredita, mesmo contra todas as provas científicas que negros, mestiços, judeus e homossexuais são a causa de todas as desgraças do seu continente. Encontraram um culpado para seus problemas e batem nessa tecla há séculos. Esse pensamento já derrubou o velho continente e o enfiou em guerras dezenas de vezes.
Mas digo tudo isso por que o que me preocupa não é o maluco(sic) terrorista atirador da Noruega, nem o pensamento tacanho de uma extrema direita estúpida do velho mundo, mas o cidadão comum, classe média, nível de instrução média, raciocínio médio que compõe a imensa maioria de eleitores e que a cada ano aceita sem pensar a lógica perversa e torta do famoso aforismo “o inferno são os outros”.
O caso da Noruega destrói algumas vidas e expõe a ponta de um iceberg, o cidadão que aceita a extrema estupidez direita vota e destrói milhares de vidas, promove facínoras, legitima ditadores e sustenta os regimes autoritários que afundam as nações e a humanidade na escuridão e no atraso. 


4 comentários:

Eduardo Montanari disse...

Quando eu ouço alguma pessoa falando que fulano fez tal cousa porque é louco, porque tem problemas, logo penso que é na verdade apenas uma resposta rápida ao que não se pode entender, mas que na verdade não é tão complicado assim. As pessoas se perguntam como alguém pode cometer tal ato sem ser um louco, todavia as pessoas simplesmente não entendem que algumas pessoas fazem o que fazem simplesmente pelas suas convicções.

Professor Eduardo Lima disse...

Ótimo texto, chamá-lo de louco só interessa à mídia que apoia as idéias dele. Agora, não sei se percebeu mas pararam de chamar de atentado o que ele fez para chamar de "ataques" um eufemismo muito mau disfarçado. Escrevi dois posts sobre o assunto dê uma olhada:

Terrorista de Oslo era de extrema-direita, branco, loiro, limpinho e cheirosinho

http://www.comunistas.spruz.com/pt/Terrorista-de-Oslo-era-de-extrema-direita-branco-loiro-limpinho-e-cheirosinho/blog.htm


Veja como a mídia brasileira assumiu o discurso da extrema-direita

http://www.comunistas.spruz.com/pt/Veja-como-a-midia-brasileira-assumiu-o-discurso-da-extrema-direita/blog.htm

Maria Marçal disse...

Tenho a mesma visão que a tua.
A preocupação passa a ser naqueles que assistem este horror e suas possíveis tendências a mesma identificação.

beijos, Maria Marçal - Porto Alegre - RS

Nanda Botelho disse...

Esta é a diversidade humana, tem gente para acreditar em todo e qualquer tipo de conceito... E o pior, matar e morrer por ele. Não acredito que isto acabe.

Mas concordo, que quem se acha saudável deve usar esta sanidade para interromper atitudes destrutivas.