quarta-feira, 6 de abril de 2011

A flexibilidade moral e os canalhas de ocasião

Outra dia eu assistia a um filme interessante, Obrigado por fumar (quem não viu, veja!) em que um indivíduo que chefiava o lobby da indústria de tabaco nos EUA vive entre defender o indefensável e a convivência com o filho que começa a construir valores que levará para toda vida. O que me agrada nesse filme é o seu tom nada moralista e sem os finais previsíveis das histórias edificadoras do cinema puritano de alguns diretores americanos. Em determinado momento o filho pergunta ao pai como se pode fazer o que ele faz e se ele (o filho) seria capaz de fazer o mesmo. O pai o responde dizendo que é necessário haver uma certa flexibilidade moral para exercer sua profissão. Essa foi a maneira mais sutil de se referir à falta de caráter que os interesses pessoais nos projetam. Justificar seus atos com a flexibilidade de conceitos inflexíveis é, no mínimo, amoral. Mas não imoral. 
Há coisa na vida que não comportam o meio termo e essa é uma dessas coisas. É como aquele famoso jeito de dizer... “Ele é meio gay”. Desculpem. Mas não dá... Ou melhor. Dá mais não se assume. 
Todos somos canalhas de ocasião, agimos como canalhas em um momento outro da vida e, quando temos o discernimento, procuramos que isso seja a exceção e não a regra de nosso comportamento. Isso sim, nos torna mais humanos e nos dispensa de encontrar em nós uma moral que se flexibiliza e nos torna menos ordinários.  
É como naquela música em que se diz que “quem se diz muito perfeito, na certa encontrou um jeito insosso para não ser de carne e osso”. Afinal de contas, somos humanos e nada do que é humano nos deve ser estranho (Terêncio)

3 comentários:

Unknown disse...

Bem Nietzsche isso, hein?hehehehehe

Eduardo Montanari disse...

Não é a primeira vez que ouço falar muito bem desse filme. Isso está despertando demais a minha curiosidade e a vontade de assistí-lo.

Unknown disse...

Marcelo, ainda não vi esse filme. Mas deve ser interessante, pois se há coisa que me irrita nos filmes americanos é a "moral da história".

Mas a tua análise é perfeita. Sem dúvida que todo o ser humano, já fez, ou pelo menos já pensou fazer uma canalhice ao longo da vida. Ou seja, somos todos maus. O que nos diferencia é que alguns fazem da maldade uma excepção.

Abraços!