Há a necessidade de uma definição do que é o conceito de pirataria com exatidão (quantidade, intenção, ação e proveito obtido). Eu, pessoalmente, entendo isso como o ato de reproduzir cópias de uma obra (impressa ou gravada em mídia) sem a autorização do autor e com a clara intenção de vender e ganhar dinheiro com o trabalho intelectual do outro. Há uma distorção no conceito atual e considera-se que o cara que faz a cópia de um CD para a namorada é um bandido que alimenta o crime organizado e lesa o país de forma irreparável.
Agora, imagina só se cada vez que eu tivesse que presentear um amigo com uma coletânea que eu fiz, eu procurasse um órgão especializado e pagasse todas as guias de direitos autorais. Eu, pessoalmente, deixaria de presentear amigos com isso. E todas as vezes que eu cantasse aquela musiquinha em um karaokê, logo chegasse um representante da associação e me autuasse. No banheiro, a porta seria arrombada e um homem entraria gritando “mão na cabeça” ao me identificar cantando no chuveiro. Afinal, fazia uso de produção intelectual sem pagar a quem lhe era de direito.
O problema é que poucos vêem que o que alimenta a pirataria é um produto de preço incompatível com a realidade. Preço este resultante da carga tributária abusiva e da ganância de alguns empresários que trabalham com margem de lucro desproporcional. O artista mesmo, esse ganha é com show (palavras de Reginaldo Rossi). Nada justifica o custo de um CD por 25 reais...
Não defendo a pirataria, mas entendo que se deva definir bem o que constitui isso.
Lembro que, certa vez, lá na nos idos da década de 70, meu pai ganhou uma fita que seu amigo copiou com umas músicas... Ele sempre a ouvia no carro quando íamos viajar...
Nunca imaginei que andei tanto tempo de carro ao lado de um criminoso tão hediondo e que alimentava o crime organizado e lesava o meu país. Mas pelo tempo, acho que o crime dele já prescreveu.
Em tempo
No caso dos livros, é mais complexo ainda. Embora haja editoras que já vendam capítulos separados, a realidade é de uma multidão de alunos que xerocam 10 ou 20 páginas de um livro porque não têm como comprar livros no país dos livros mais caros do mundo.
Esses piratas infames, bandidos que alimentam a ilegalidade e o crime organizado e lesam o país... ah bandidos... Na próxima prova, eu ferro eles.
10 comentários:
Oi, Marcelo!
Puxa vida, faz tempo que não venho aqui, meu amigo! E quando eu volto um texto tão bom quanto esse: vc falou tudo!
A sociedade precisa de uma definição clara do que é pirataria. E, mais do que isso: das gravadoras e editoras reconhecerem que a internet é uma forma de divulgação de trabalho, não só como um espaço de pirataria.
Quando falamos de livros então, é super complicado...hehehe...copiar algumas partes ou colocar o livro em PDF na internet seria crime, mesmo quando se o faz sem fins lucrativos?
Sinceramente, ainda não tenho uma ideia para sugerir como alternativa, mas as empresas precisam debater isso e chegar em um consenso definitivo, pois o mercado mudou - só elas que não.
Abraço,
http://cafecomnoticias.blogspot.com
Demorou mas voltou...
Marcelo, isso porque você nem mencionou a quantidade absurda de downloads que são feitos da mais vasta gama de materiais. Lá se vai um quantia absurda de desrespeito aos direitos autorais. Próximo semestre eu pretendo curso aqui em minha universidade a disciplina direitos autorais. Quero só ver o discurso do professor...
Ah, e os xerox, impossível fugir deles. Tenho pilhas por aqui. E olha que faço questão de comprar livros. Tenho vários já do meu curso. Mas é uma questão de escolha, tenho dinheiro suficiente apenas para uns poucos, então prefiro aqueles que mais irei utilizar a aqueles que precisarei de apenas alguns capítulos e nada mais.
Valeu,
All3X
Eu sou plenamente contra a pirataria, mas também gravo coletâneas em CDs para dar de presente e nunca me senti um criminoso por isso. Aliás, esses CDs eu dei de presente a uma tia que se orgulha, assim como eu, de nunca ter comprado um CD ou DVD pirata. Mas vai ver a gente só acha que é crime o crime dos outros. Vou ligar pro Fernandinho Beira-mar e perguntar se ele se considera um criminoso. Esse será meu parâmetro.
Pirataria é crime: não ataquem navios!
Marcelo,
Você tem razão na abordagem.
Como sempre o problema cai na falta de educação, conhecimento e aprofundamento das questões.
Acho também que a questão não é só a carga tributária não, no caso das gravadoras acho que há muita ganância também por conta da falta de concorrência, como é que conseguiram baixar preço dos CDS e DVDs depois que a pirataria começou a comer solta.
E como a mídia, rápida e rasteira não demonstra grande interesse em abordar o assunto de forma completa, então prevalece sempre uma visão unilateral e claro, de quem pode pagar por ela.
E assim caminhamos..
Abraços e não suma por tanto tempo que seus textos e sua clareza nos faz muita falta
Concordo com a parte "musical", por assim dizer, do post.
Mas quanto aos livros, não!
Acho errado alunos xerocarem páginas soltas de livros paradidáticos que estão disponíveis gratuitamente nas bibliotecas públicas ou mesmo na biblioteca do próprio colégio ou faculdade. Para mim, este tipo de "pirataria" não passa de preguiça.
E também sou contra as lojas de R$1,99 venderem obras completas de Machado de Assis & Companhia.
Somente no caso de o livro ser realmente novo e não se encontrar disponível, aí dou o maior apoio ao xerox (e eu mesma já pirateei bastante desta forma, não me denuncie!)
Laila,
Xerocar paradidáticos é besteira mesmo. Mas eu estava falando da faculdade. Às vezes o cara precisa de um capítulo (ou parte dele) em um livro que custa uma fortuna. Vai fazer o quê?
Pode deixar, não te denuncio...rs
Você foi bem direto e conclusivo no pensamento!
Parabéns!
também acho que se a pirataria existe é porque os preços dos originais é alto de mais....
Postar um comentário