O excesso de trabalho tem me afastado do blogue, mas eis me aqui para ponderar sobre algo que, sinceramente, não entendo. Serão necessários alguns milhares de anos de Taoísmo, como na China, para podermos entender com a experiência que o caminho do meio é o caminho mais adequado? Lembro da Heloisa Helena em sua histeria eleitoral gritando que para ela tinha que ser quente ou frio, pois morno, ela vomitava... (Semprei imaginei se ela teria essa mesma postura diante de um café daquele que deixa nossa língua estufadinha de queimada.)
Mas sabe que, como diz meu tio, “nem muito nem pouco, bom mesmo é mais ou menos”. Há coisas na vida que pedem o “mais ou menos”. Toda vez que excedemos e desviamos do caminho do meio, caímos no absurdo das coisas e falta de medida das coisas. Um dia, o cara acorda e decide que não vai mais comer nenhuma carne, o outro decide parar de comer açúcar, mais um outro decide que não vai mais comer nada, o outro sugere respirar pouco porque o oxigênio desencadeia a oxidação das células... E um decide que bom mesmo é se alimentar de luz, ter um nome indiano e fazer figuração na Novela da Glória Peres. Se cuida, Márcio Garcia.
Vida é ter tudo de bom, vida é abrir mão de tudo porque isso é ser bom. Será?
Tenho medo dos extremos. Até porque, um dia, dizem que açúcar faz mal, no outro, que é uma fonte de saúde; hoje, apontam o ovo como vilão capaz de matar, amanhã, como herói da nutrição. Aí, dizem que comer pouco é bom, para, logo em seguida, dizerem que bom mesmo é comer bastante. Dos vícios às virtudes, que se encare tudo inspirado num rótulo de cerveja e se aprecie com moderação.
Tudo isso, porque no fundo, saímos do equilíbrio nas nossas vidas e esquecemos que nem muito nem pouco, em se tratando da maioria coisas, bom mesmo é mais ou menos.
O meu tio e a simplificação do Taoísmo... Sempre adorei esse poder de síntese dele.
8 comentários:
O velho Aristóteles, lá na Grécia, já dizia que o homem deveria procurar um "justo meio" e o que jeito era coibir as paixões e usar a razão pra ser feliz.
Tá certo, sem paixão a gente não vive nesse mundo também, mas na verdade a gente vive apaixonado por tudo: trabalho, blogs, mulheres, coisas materiais, dinheiro. Ainda mais nesse mundo cheio de informação e que procura te seduzir a todo momento.
Eu sou favorável desse equilíbrio também. Essas dicotomias entre bom e mal, esquerda e direita, quente ou frio, pra mim é manobra retórica. A gente aprende na faculdade de jornalismo, por exemplo, que "disputas de poder", "ascensão social", "polêmicas" e "mudanças bruscas de situações cunho social" são critérios de noticiabilidade. Ou seja, a mídia vive desses paradoxos, pois nós humanos nos interessamos por essas bobagens. Talvez fique mais fácil entender que existam apenas dois lados. A gente é preguiçoso, não consegue ver três, quatro, cinco lados.
Pensar cansa. Bom, uso o "nós" por pronome de modéstia mesmo.
Um abraço e mande notícias.
é... não concordo nem discordo. muito pelo contrário.
Só pra ficar em cima do muro... =P
Sempre fui um homem dos "meios". E também sempre acreditei que o equilíbrio está no meio. Afinal de contas, se o cara na corda bamba não segurar a vara bem no meio ele acaba caindo, para um lado ou para o outro.
Você sumiu mesmo. =/
...é, pois é, maaas, o que seria do meio sem os extremos?
?=D
Olá Marcelo!
Realmente a gente nunca consegue acertar a medida das coisas.
Acho que temos fases, nessas fases muitas vezes exageramos mais em um lado e depois em outro.
Comemos demais ou de menos, e talvez esse seja o equilíbrio, algo que serve agora, depois não faz mais sentido, principalmente no que se refere a trabalho!
Gostei da filosofia do teu tio!
Bom findi!
Minha vó sempre diz, "que tudo demais sobra". E eu concordo com essa tese, sempre achei esquisito algumas mudanças radicais, na atitude de algumas pessoas.
Outro dia vi uma reportagem, que mostrava que o Toninho do Diabo, tinha se convertido em evangelico. Agora voltou a dizer que é o mensageiro do Diabo na terra.
Atitudes parecidas como essa de pessoas comuns, mostra a falta de um meio termo.
A mim não agradam as situações extremas, mas entendo que elas fazem parte do processo de aprendizagem de todo indivíduo, uns mais extremados do que outros. Seria melhor, para os que estão ao redor, que as ações extremistas não ocorressem, mas isso é apenas idealidade, não realidade. Quando encontramos pessoas centradas, podemos procurar, minuciosamente, na história delas, que iremos encontrar um ambiente favorável a isso, salvas as exceções.
Serão necessários, como você disse, muitos anos para chegarmos a esse equilíbrio que desejamos.
Seu texto precisa ser lido por muitos, ele é de muita utilidade !
Um forte abraço,
Nelson
Oi, Marcelo!
Tenho sentido falta de vc mesmo na blogosfera. Até comentei isso outro dia com um amigo blogueiro. Mas fico feliz de vc ainda está conosco neste espaço que é único em toda blogosfera. Tudo que é de mais ou tudo que é de menos, não é bom. É preciso ter um equilíbrio. E isso que faz a diferença na nossa vida.
Abraço
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