sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Parece problema de matemática, mas não é.. de matemática! É social.

Um banco atende 100 pessoas por dia. O tempo médio de atendimento são preciosos 40 minutos. Em respeito ao cidadão , instituem o sistema de atendimento preferencial para gestantes, idosos (maiores de 60 anos) e portadores de deficiência que representam 10% de sua clientela. Os outros 90% dos clientes e não-clientes continuarão mofando nas filas.

Será que alguém mais além de mim, notou que o problema não é o cliente, mas o serviço oferecido pelo banco que é lastimável?

Em tempo:
Por favor, não sou contra atendimento preferencial de nenhuma natureza! O que não entendo muito bem é por que razão o direito à dignidade não deveria ser extensivo àqueles que não têm nenhuma deficiência, que não estão "grávidos" ou mesmo que, com 37 anos, como eu, precisam ainda de esperar 23 para serem respeitados.

Em um sistema eficiente, não seria necessário nenhum sistema de preferencialidade e ceder a vez a pessoas em alguma situações especiais deveria ser uma questão de bom senso, não de lei.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Música ambiente... que ambiente?


Sempre ouvi falar em música ambiente e imaginei que, às vezes, não há coisas mais complicadas de se harmonizar. Araketu e velório, Mozart e trio elétrico na Bahia, Bee Gees e desfile de escola de Samba, Techo dance e sala de parto.. e vai por aí. Dessa forma, aos poucos fui vendo que a música é a cara do lugar onde toca e dos ouvintes que o freqüentam, daí criei uma espécie de “feng shui” da música a fim de harmonizá-la aos seus ambientes.

Música
Bruno e Marroni
[ambiente]
Bar de beira de estrada, balcão, ovos coloridos numa estufa de vidro e carne boiando na gordura ao lado. Prateleiras com garrafas de pinga, conhaque e biscoitos amarelinhos que pegam fogo fácil (conhece?). Um cartaz de cerveja com uma mulher de shortinho e parte de cima do biquíni, com uma cerveja na mão. Caixa de chiclete Adams amarelinho numa vitrine ensebada.

Música
Araketu
[ambiente]
Um monte de gente suada, música alta para caramba, cerveja, cerveja, cerveja, muvuca na rua.. Voltam para casa... um dia.


Música
Capital inicial
[ambiente]
Show de exposição. Cerveja, muvuca para entrar, dificuldade para estacionar... Na platéia, um monte de trintão cantando as musicas com saudade dos tempos em que tinha 16 anos... (há uns vinte anos mais ou menos). Do outro lado, uns pós-teens que também curtem o som em clima de retrô do que não viram.


Música
MC Qualquer coisa
[ambiente]
Baile fechado, clube ao estilo quadra de futebol de salão. Palco armado onde ficava uma das traves. Galera A de um lado odiando a galera B que está do outro. Cerveja barata, música alta, no final, todo mundo de ônibus para casa... ou de chevette, corcel II, fusca.. a frota é vasta. Mas tudo "tunado"...

Música
Orquestra Los Tiozitos
[ambiente]
Salão de clube decadente. Música em altura razoável, começa cedo (logo depois do bingo) porque tem que acabar cedo (antes das 22). Homens de ternos e mulheres de vestido. Bebida com considerável moderação. O mais novinho aposentou como operário da pirâmide de Quéops. Por prudência deveria ter uma equipe médica de plantão do lado de fora. Ao fundo, Ray Connif rola solto... "Uma loucura, loucura, loucura..." como diria Luciano Huck.
Voltam para casa de van fretada.


Personagem, música e ambiente contam uma história e compõem um ambiente. Não acredita? Experimente colocar os vovozinhos num baile funk ou no show de axé.
Vai.. experimenta.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Ainda bem que hoje é terça-feira...

Nunca gostei de domingo e já até escrevi um post sobre isso. Nada mais deprimente do que aquela musiquinha do fantástico e do Tadeu Schmidt apresentando o bola murcha e o bola cheia... Aquilo é o sinal de que os últimos suspiros de seu final de semana já chegaram.
Mas pensei que minha implicância com esse dia acabaria ali.
Não acabou.
Todo domingo, o Dr. Drauzio Varella vem para a telinha para me lembrar que eu nasci, cresci, estou perdendo a elasticidade da pele, meu metabolismo é menos eficiente, minha visão perde acuidade com o passar do tempo, meus neurônios estão morrendo, meus cabelos estão caindo e outras coisas vão cair também. Enfim, estou caminhando para realizar o sonho da cova própria. Tudo isso com imagens fantásticas de um documentário da BBC e que me deixa com uma baita orgulho:
- Olha lá, igual a mim.. tô morrendo assim ó... Igualzinho.

***
- Dr. Drauzio! Na boa, eu sei que estou ficando velho... pára com isso, por favor.

***
Quer saber o cúmulo do sadismo?
A série acabou domingo passado (2/11) e eu já tô com saudade. Muito legal, né?

sábado, 1 de novembro de 2008

Frases e frases.. e eu não entendi...

A minha grande implicância com ideologias políticas ou religiosas são as frases. Pois é, elas mesmas. As pessoas assumem uma ideologia ou aceitam uma religião e enchem o mundo de frases tiradas de seus livros doutrinários que, não sabem eles, fora de seu contexto, servem para tudo. Ou para nada, como queiram...

"...concentra na manhã e no fim de tarde"

A partir daí, encontraremos adesivos de carros, camisetas, campanhas que mobilizarão grupos em torno da frase. Se tornará uma palavra de ordem, retrato de toda uma maneira de ver o mundo, hino de uma só oração que será entoado e seguido por milhares de fiéis ideológicos ou religiosos. Pois, nas sagradas palavras, "concentra na manhã e no fim de tarde" é a única saída para aqueles que já estão descrentes de um mundo melhor.

Livros serão escritos, as palavras serão atribuídas a profetas ou a filósofos. A constestação da profética mensagem será vista como um crime contra o universo. Estudos serão feitos sobre o que está na entrelinha disso tudo. Divergências surgirão e os carros circularão com a frase estampada em seus vidros traseiros como um talismã que o qualifica como alguém altamente especial.

Até que eu lhe digo que o som profético dessas palavras foram tirados da VEJA Rio, 22 de outubro, página 43 em uma reportagem com Eduardo Paes, candidato a prefeitura do Rio, que dizia que sua agenda concentra atividades na manhã e no fim de tarde.

Mas as palavras são sagradas, muitos não irão crer que tamanha sabedoria tenha brotado em algo tão banal. Com certeza, o autor desse texto está blefando porque é um cético, descrente, infiel... Essas palavras foram retiradas, com certeza, de algum livro sagrado, encontrado escrito em sânscrito numa tumba de um profeta que acredita-se ser contemporâneo de Moisés.

"...concentra na manhã e no fim de tarde"
E conhecereis a verdade...

(com direito ao verbo flexionado na 2ª pessoa do plural... chique, né?)



sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Cérebro by Windows... Amanhã tem saco... sem travar.

Funcionava com um cérebro cujo sistema operacional era uma espécie de Windows. Acordava de manhã e ficava olhando o nada enquanto visualizava uma tela preta e depois uma barrinha monocromática que parecia se deslocar da esquerda para direita. Às vezes, dava umas travadinhas, mas logo voltava a correr. Era sempre assim.
Depois que começava ou inicializava, seguia bem. Vez por outra, tinha dia que travava e não conseguia fazer nada. Mas aí era só dar uma pausa, respirar, dar uma cochilada e, pronto, voltava a funcionar. Se adaptava bem com todo tipo de atividades, não era nenhuma beleza, mas sua capacidade de entrosamento era algo extraordinário.
No fim da noite, desligava e enquanto esperava o sono chegar, olhava uma telinha azul com os dizeres: aguarde, seu cérebro está sendo desligado.
Dormia então o sono dos anjos.
Turned off... till morning..

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Os sete pecados capitais de um blogue.. escolha o seu.

Próximo de fazer um ano de existência e de atividades como blogueiros (prefiro bloguista, mas vá lá), a gente se torna mais leitor do que qualquer outra coisa. Em um dia de pouco passeio pela blogosfera, leio de 10 a 20 blogues. Em dias de "à toa", coisa rara, perco a conta. E acreditem, virou mania. Leio por prazer de ler.
Gosto mesmo disso e já assumi como uma das minhas saudáveis perversões.
Há blogues que são geniais, belos textos, bons assuntos (não vou citar para não cometer injustiça, mas dê uma olhada no meu blog roll e nos que eu acompanho para ter uma idéia), outros nem tanto, textos ruins, montoeiras de vídeos do youtube, ctrl+C/Ctrl+V... vixe, que horror! Há cronistas geniais que ainda não o sabem, jornalistas sagazes ou mesmo poetas brilhantes. Do outro lado, há rascunhos mal feitos de projetos de intelectuais (são os poetinhas punk-rebeldes que rimam pus-luz-seduz-alcaçuz) em quem ainda não caiu a ficha (talvez nunca venha a cair) do quanto é ruim o que postam.
Há de tudo para tudo que é lado... Até houve uma época em que abri uma série de críticas ao que havia de ruim... (lá para maio, mais ou menos). Hoje, acho bom até o que é ruim, mas acredito que a morte de um blogue (naquela estatística dos 3 meses de vida) está ligada aos 7 sete pecados capitais da blogosfera.
Ei-los...

A ira
Quero ser crítico, mas não tenho bagagem intelectual para isso. Mas e daí, dane-se. O que vale é expressar o meu pensamento. Faço textos que reduzem as barras de rolagem do navegador a um pentelhinho de tão finas. Sou um gênio e odeio tudo que é estranho a minha genialidade (minha mãe disse que sou e ela não mente). Sou um intelectual (sic) e faço poemas irascíveis (ainda que não saiba bem o que isso quer dizer) que rimam pus com luz e terminam em atendimentos no SUS. Sou uma espécie de punk deslocado do tempo e atribuo todo meu fracasso ao sistema. E quem é você para me analisar?

A gula
Coloco um texto que fica vários dias e decido que não posto outro enquanto não tiver pelo menos 80 comentários. Sou guloso de comentário. Atolo as comunidades do orkut com minha presença... no oitenta e um, eu escrevo outro texto. Ando meio sem inspiração (embora eu também não saiba bem o que é isso). Ah, sei lá, nada a ver, mil coisas.

A inveja
Não gosto de ler, mas gosto de escrever (sic). Acho que tudo que é blogue que tem muita visita é ruim. Escrevo textos em que saio descendo a ripa e dando nomes aos bois. Falo mal de todo mundo e crio polêmica com o que vier pela frente... Não interessa. Você concorda? Pois eu discordo e quem é você para me julgar? Meus comentários em outros blogues? Sou contra tudo ,principalmente a qualquer coisa que você você seja a favor.

O orgulho
Não preciso da sua visita. Escrevo por escrever. Não está bom o texto? Coitado, você não entendeu. Expresso no meu blogue os capítulos do meu mais genial romance, e único, de 850 páginas. O que? Acha que colocar 50 páginas do meu livro em um post torna a leitura cansativa... paciência. O problema é que você não tem hábito de leitura. Não posso fazer nada. Só lamento. E quem é você para me julgar?

A avareza
Posto um texto a cada mês e participo das comunidades com tópicos do tipos "blogues atualizados no segundo semestre de 2008". Deixo claro que, se vai citar meu texto, faça os créditos, insira o link, informe o meu nome e coloque meu banner. Ah, e encaminhe um pedido de autorização para eu assinar reconhecer firma em cartório e devolver.

A preguiça
A última vez que atualizei foi em janeiro de 2008. Já até escrevi alguma coisa depois, mas aí... cara, nem lembro a senha. Aí ferrou. Comentar? Huum.. às vezes, sei lá... "Legal o texto". Passa no meu. http://... Para mim é o suficiente.

A luxúria
Descobri que existe cursor de estrelinhas, selos de blogues, banner colorido, propagandas em pop-up que te pagam 0,01 cada vez que alguém clica (vou ficar rico se a população da China em peso clicar no meu banner), fundo preto, letras verde claro, bonequinhos que se mexem na tela, jogos em java, musiquinha de fundo, radio ambiente, espaço para vídeos preferidos... coloquei tudo no blogue de uma só vez. Meu blogue é uma suruba de recursos exóticos. Em conexão discada demora uns 10 minutos para abrir... Clica, saia de perto e volta daqui a pouco.

Nessa minha história de blogosfera, aprendi que ser amado e odiado faz parte da brincadeira e vamos tentando seguir com a balança mais equilibrada possível.
Descobri que o legal é isso também.

Em tempo:
Certa vez eu li um post em um blogue que trazia o tema que abordei aqui, os sete pecados. Não lembro o post, não lembro o blogue, mas faz muito tempo mesmo (eu nem tinha blogue na época) e eu achei bem legal. Outro dia eu me lembrei disso e aí, eu pensei... e o que o saco de filó tem a dizer sobre os pecados da blogosfera?
Aí vai.
Quer dizer: aí foi.


Se bem que pecar mesmo é fica vendo a vida passar... de bobeira.
Bloga aí.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Poemeto limítrofe das nossas percepções de mundo.

Quais os limites
Para as ações justificadas pela fé?
Um poço fundo que nunca dá pé?

E as fronteiras entre a barbárie e o cultural.
Até que o raio caia em nosso quintal?

Qual o caminho para ser mais esperto?
Assumir o que se pensa...
Ou repetir o politicamente correto?

sábado, 25 de outubro de 2008

Um país de diplomados desempregados...

Na infância, norteamos nossas escolhas profissionais por duas razões: o heróico ou o mimético. Queremos ser policial ou bombeiro porque o vemos como um herói ou queremos ser médico porque o nosso pai é médico. Na adolescência, o tempo de escolha vai encolhendo e ganhando ares de seriedade. Passamos a pensar em mercado de trabalho quando o único mercado que conhecíamos era o de fazer compras do mês. Aí é que entra a questão: vocação ou salário?

No Brasil, criou-se o mito de que
o único caminho que temos para a realização profissional é a faculdade e as pessoas se amontoam em vestibulares semestrais. De um lado o aluno que quer entrar, de outro o governo que quer que o aluno tenha curso superior e de outro a Instituição, na maioria das vezes, particular que precisa de volume de alunos para manter sua estrutura funcionando. Esta combinação dá no que dá. Milhares de jovens em bancos de curso superior, sem vontade, sem dinheiro e sem condições mínimas, mas realizando o sonho da família em festas chatíssimas de formaturas ao final do curso.

Amontoamos o mercado com professores, pedagogos, advogados, economistas cada vez mais e a cada ano, mais e mais. Um curso de Pedagogia, por exemplo, com uma turma 50 alunos/semestre, injeta 100 profissionais por ano no mercado de trabalho, ao final de 5 anos são 500 profissionais. Só que não é só uma faculdade. Na região em que vivo (sul do estado do Rio de Janeiro), há 8 cursos de pedagogia num raio de 90 quilômetros e aproximadamente uma população de 800 mil pessoas.

Dessa forma, 8 cursos lançam aproximadamente 4.000 profissionais a cada cinco anos. Em dez anos, serão 8 mil pedagogos. Não precisa ser um gênio da matemática para perceber que há um gargalo. Muitos vão trabalhar em outras atividades que nada tem a ver com o glamour das formaturas do curso que fizeram. E este raciocínio serve para outras áreas de graduações.

Por outro lado, os setores de serviços padecem com a falta de profissionais. Se você precisa de um técnico eletricista, padece para conseguir um bom. E um pedreiro? E um bom encanador? Jardineiros de qualidade? Pintores? Fico pensando em que momento perdemos o trem da história e rotulamos estas profissões como menos dignas. Em que momento escrevemos a história de um país de doutores em casas com torneiras pingando?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

História curta, o resto é com você... Amanhã é dia de saco.

Naquela pequena localidade instalaram uma clínica de tratamentos de dependentes de entorpecentes. Para isso, os responsáveis alegaram que era o lugar ideal, pois não havia droga nenhuma lá.

***
Quase que pela mesma razão outros empresários desistiram de instalar uma clínica de reprodução artificial e banco de sêmen por lá...
É.. eles alegaram que.. bem, eles disseram que..
É.. lá não havia... bem, lá não havia condições.