terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Mandem-me lembranças do futuro

Ano quem vem fará 23 anos que me formei no curso de Letras. Não digo que faz 23 anos que escolhi ser professor, já que desde a adolescência, nos meus tempos de Grupo Escoteiro, já me identificava com o ofício. E aqueles que me conhecem mais de perto sabem esse ofício já foi escolhido há muito mais tempo do que essa vida pode comportar. Sinto-me confortável nessas minhas escolhas em seus ônus e bônus, estes maiores do que aqueles.
Fiz grandes amigos-ex-alunos que um dia foram alunos-amigos. E, nessas idas e vindas, sempre procurei lhes dar mais  do que as lições gramaticais. Foram construídos grandes laços afetivos assim. Alguns me perguntavam se eu queria ganhar um presente de gratidão ao final dos cursos e eu nunca soube o que gostaria de ganhar de verdade. Mas outro dia, um aluno me fez essa pergunta de novo e agora, quase ¼ de século depois, sinto-me à vontade de pedir.

Mandem-me lembranças do futuro... E, por futuro, entenda tudo que sonhavam quando trabalhamos juntos.

Aqueles que ainda caminham em direção ao futuro, contem como tem sido a trajetória, aos que chegaram lá, me contem como é o futuro. E aos que mal começaram, peço que não se esqueçam de me mandar um cartão quando chegarem lá.

Chega um momento em que nós, professores, somos um ponto na história de vocês, só um ponto e só sabemos se esse ponto fez diferença quando, mesmo depois de tanto tempo, ainda sobra tempo para mandar lembranças de um futuro distante. Creiam, essa máquina do tempo chamada lembranças, existe em cada um de nós.

Sempre lembro o quanto foi/é muito bom falar com vocês, mas não imaginam o orgulho que me dá ouvir falar de vocês.

Assinado,
Só um ponto

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