Tias velhas são uma instituição nacional. Desde minha mais tenra infância, eu me lembro delas nos aniversários de família em frente à TV (sim, "delas, pois elas andam em bandos, são seres gregários por natureza) e fazendo xiiiiiii para as crianças que faziam alvoroço em correrias que atrapalhavam escutar a novela.
Sempre me inquietou saber onde elas se escondiam nos dias em que não havia festas de aniversário. Talvez uma espécie de armário gigante onde ficavam em estado de hibernação e só saiam de lá para as festas em que se atualizavam das fofocas mais novas (quem casou, quem separou, quem tem o filho bem sucedido, quem tem o filho problemático, quem conseguiu bom emprego etc)
Elas traziam sempre a mão um pacote mole (isso é sinal de presente sem vergonha) com cuecas, calcinhas ou meias. Quando esbanjadoras, davam um corte de flanela para sua mãe mandar fazer um pijama. Sua mãe ficava sempre feliz porque era poupada de comprar aquilo que é do dia a dia e você fingia ficar feliz para que sua mãe não lhe esquentasse a orelha. Como é que diz filho? E você soltava um obrigado falso e que, se a tia tivesse o mínimo de simancol entenderia: pô, Tia, meia de novo? E preta... e de sapato... eu quase não uso sapato. Sua mãe sacava isso e, como em todos os anos anteriores, se fazia de boba.
Sempre me inquietou saber onde elas se escondiam nos dias em que não havia festas de aniversário. Talvez uma espécie de armário gigante onde ficavam em estado de hibernação e só saiam de lá para as festas em que se atualizavam das fofocas mais novas (quem casou, quem separou, quem tem o filho bem sucedido, quem tem o filho problemático, quem conseguiu bom emprego etc)
Elas traziam sempre a mão um pacote mole (isso é sinal de presente sem vergonha) com cuecas, calcinhas ou meias. Quando esbanjadoras, davam um corte de flanela para sua mãe mandar fazer um pijama. Sua mãe ficava sempre feliz porque era poupada de comprar aquilo que é do dia a dia e você fingia ficar feliz para que sua mãe não lhe esquentasse a orelha. Como é que diz filho? E você soltava um obrigado falso e que, se a tia tivesse o mínimo de simancol entenderia: pô, Tia, meia de novo? E preta... e de sapato... eu quase não uso sapato. Sua mãe sacava isso e, como em todos os anos anteriores, se fazia de boba.
E, ao final da festas, lá iam elas embora deixando um rastro intenso de AVON "sei lá qual perfume" ou Alfazema de alguma marca que se mantinha no ar de forma a ser percebido por meses. Uma tia genuína era possível de ser rastreada por um cão uns seis meses depois de ter passado por um local.
Sempre pensei que merecia um Globo Repórter e já imaginava o Sérgio Chapelin dizendo: no Globo Repórter dessa noite, veremos essa curiosa espécie que há anos intriga a humanidade: tias velhas. Onde moram, o que comem, onde se abrigam quando não estão nas festas de aniversários e, principalmente, por que sempre dão cuecas e meias de aniversário. No Globo Repórter de hoje.
No fundo, piadas à parte, sinto saudades das minhas tias velhas e dos aniversários dos tempos de criança. Tenho andando pensativo, saudosista e percebo que, de uns tempos para cá, quase não tenho meias novas.
No fundo, piadas à parte, sinto saudades das minhas tias velhas e dos aniversários dos tempos de criança. Tenho andando pensativo, saudosista e percebo que, de uns tempos para cá, quase não tenho meias novas.
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