terça-feira, 20 de outubro de 2015

AUTORIDADE MORAL... O que é isso?

Outro dia, um aluno me perguntou o que era exatamente autoridade moral. Na pressa, respondi que se tratava de uma pessoa que tinha competência e conduta moral para liderar. Na verdade, é algo bem mais do que isso, pois pede que a gente entenda que a autoridade moral é algo que se conquista quando seus atos são plenamente "afinados" com suas palavras.
Muitas vezes, os atos são tão plenos que nem há necessidade das palavras. Por outro lado, a presença das palavras sem a existência dos atos que as suportem caracterizam a hipocrisia. Esta basicamente, constitui de uma necessidade de parecer ao seu meio algo que os seus atos não demonstram, que são.
Molière (dramaturgo francês do século XVII)  já expõe essa velha hipocrisia em obras como O misantropo, entre outras, mas é interessante observar que isso não de uma época, isso é do ser humano e de sua necessidade de construir uma imagem social que seja aceita e desejada pelos pares. Esse é o eterno desejo freudiano de aceitação do homem. 
Para isso, criamos um discurso que socialmente seja o mais aceito e, preferencialmente, mais admirado. Muitas pessoas levantam a bandeiras de causa para as quais nunca moveram um grão para trabalhar por elas. Gritam contra a desigualdade, mas acham que sua luta consiste simplesmente no ato de conscientizar as pessoas. Certa vez, me disseram rezar era uma maneira de não fazer nada e achar que estava ajudando. Em termos sociológicos, esse discurso da  tarefa conscientizadora também tem o mesmo efeito.
Respeito muito pessoas envolvidas com movimentos e causas sociais, mas meu respeito vai para aqueles que colocam a mão na massa. Vai para aqueles que querem mudança de verdade e trabalham de verdade por isso. O hipócrita teoriza favelas, a autoridade moral, entra na favela e trabalha junto com as pessoas de lá como mudar as coisas. O mais é tese para os seus pares baterem palmas, é bater palma para maluco dançar.

Os que sustentam um discurso belo e consciente, mas trazem as mãos sem as marcas do trabalho efetivo, concreto e real por algo melhor nada mais exercem do que o culto social da própria imagem e o narcismo intelectual. São criaturas estéreis e egocêntricas por sua natureza.

Afinal, só formular teorias e ostentar um discurso conscientizador também é uma excelente maneira de não fazer nada e ter a certeza de que está ajudando.

Cego de quem ostenta, cego de quem os segue. Cegos guiando cegos.


As imagens do post, na minha opinião, são incontestáveis autoridades morais.

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