quarta-feira, 16 de março de 2011

Generosidade como exercício de vida: o bumerangue

Meu filho mudou recentemente de uma escola privada para uma escola pública de excelência em minha cidade. Tudo por insistência de minha esposa que temia não encontrar vagas lá para ele mais à frente. Decidimos, então, transferi-lo da escola, aliás, muito boa, em que ele estava para essa outra. Todos os procedimentos seguiram bem, mas na hora de contribuir com a Caixa Escolar, uma de caixinha da escola para pequenas despesas, fiquei hesitante. Procurei saber quanto era a média e me informaram que não havia máximo, mas um dos valores sugeridos era 2, 5 ou 10 reais por mês.
Acostumado com escola privada em que cada vez que eu abria o talão ficava um cheque de mais de 250 reais por mês, fiquei até meio envergonhado com as quantias. Disse, sem titubear, que contribuiria com 10 reais, o máximo das três opções, paguei o ano todo e enquanto esperava um recibo ou algo assim, vi os nomes de outras crianças e das contribuições de seus pais. Fiquei surpreso ao ver que havia muita gente com o mesmo padrão de vida ou até maior do que o meu que contribuíam com 2 ou 5 reais e, mesmo assim, pagando mês a mês... Acho que eles não entenderam o intuito da coisa.
Eu não estou contribuindo para ajudar o meu filho, que aliás não precisa daquilo, mas para ajudar aqueles que estudam com o meu filho e talvez venham a precisar. Algumas pessoas não entendem que dar é a melhor maneira de receber de volta, que generosidade é um bumerangue. A gente joga, ela dá uma volta e vem para a gente de novo.
Saí dali, me sentindo uma pessoa mais leve. Espero que, um dia, o meu filho tenha as mesmas sensações que tive nesse dia.

7 comentários:

Eduardo Montanari disse...

É o comportamento típico do brasileiro, isso não se pode negar. "Se fulano paga pouco, por que pagarei mais que ele?"

Unknown disse...

Pois é Marcelo, há sempre pessoas que não percebem o cerne das questões, ou então não querem perceber. Por cá acontece o mesmo, só que essa contribuição é feita anualmente no acto da inscrição. E o mínimo não existe (há pais que não podem contribuir mesmo) e o máximo é 10€/ano. Eu já vi pais, com um excelente nível de vida dizerem simplesmente que "não quero contribuir". Bem sei que a escola é pública e o Ministério deveria assegurar tudo o que as crianças precisam. Mas há pequenas coisas que ele não assegura: pequenos passeios não previstos onde é necessário um autocarro, por exemplo. Fotocópias de livros e histórias, materiais para dar um presente num dia especial, sei lá que mais! Nas há pessoa que não percebem que aqueles valores tão mínimos são são para os filhos que podem levar os materiais ou dinheiro extra de casa (como é o caso da minha filha), mas para as crianças que não podem de todo.
Abraços!

Jackie Freitas disse...

Oi Marcelo!
Passei recentemente pelo mesmo processo e na reunião de pais e mestres também vivi a mesma surpresa! Comentei com meu marido que nossos filhos receberam materiais e uniformes e que com a economia que fizemos nesses ítens, contribuir com 10,00 é uma verdadeira pechincha, principalmente ao ver que muitas crianças precisam de verdade de toda ajuda! É a tal solidariedade, onde cada um contribuindo com o pouco que se dispõe, já faz toda a diferença num mundo cercado por tantas injustiças e diferenças...
É o mínimo a se fazer, penso eu!
Grande beijo,
Jackie

manoe disse...

Obrigado por contribuir para a caixinha da escola do seu filho. Foi por ter gente como você que eu ia para escola, quando crinaça, e não passava fome, porque tinha o lanche que era comprado com o dinheiro do "caixa da escola".

Abraço,

Manoel

Unknown disse...

Esse é um dos grandes males do Brasil:esse egoísmo intenso, e a visão de que o Governo deve assegurar tudo.Tudo bem que pagamos uma exorbitância em impostos, e que uma educação de excelência(assim como saúde, etc) deveriam ser oferecidas a população no geral.Mas é necessário ter esta visão da generosidade como bumerangue, e que infelizmente falta à maioria das pessoas....

Charles Netto disse...

Meu amigo meus sinceros parabéns pelo post uma vez que geralmente encontramos pessoas com a que você citou que não sabem o prazer que há no Ato de Dar algo ou alguma coisa e talvez custem para entender tal ação nossa, pois fico a pensar que eles sentem mais inteligentes por isso e talvez pensam que será nós uns tolos, mas eu continuo no propósito independentemente das circunstâncias. Realmente é um exemplo a ser seguindo, pois é verdade o descreves uma vez que comprovei varias vezes esse retorno fascinante que poucos tem a felicidade de conhecer. Portanto transcrevo mais esta vez sua postagem:
Eu não estou contribuindo para ajudar o meu filho, que aliás não precisa daquilo, mas para ajudar aqueles que estudam com o meu filho e talvez venham a precisar. Algumas pessoas não entendem que dar é a melhor maneira de receber de volta, que generosidade é um bumerangue. A gente joga, ela dá uma volta e vem para a gente de novo.
Saí dali, me sentindo uma pessoa mais leve. Espero que, um dia, o meu filho tenha as mesmas sensações que tive nesse dia.
charlesnettoooooooooooo

Mikasmi disse...

Por vezes quem mais tem é quem menos dá. Mas ter dinheiro ou poder, não quer dizer que seja inteligente e perceba porque é que a caixa existe. Grave é quando parte de alguém que teria obrigação de saber e não.